Efeito Borboleta: Pequenos gestos, grandes alterações.
As teorias do chamado 'Efeito Borboleta' estão em uma xícara de chá, no trânsito da maior avenida da sua cidade e em todo o universo. Partem de um princípio bem simples: de que tudo é mais complicado e interligado do que parece. 'Se uma borboleta bater as asas na China, um tufão pode atingir Nova York'. A definição clássica do efeito borboleta assusta, mas só é assim porque surgiu no campo da meteorologia (saiba mais no texto abaixo). Quer ver ficar mais fácil? 'Se eu sair de casa às 6h50, chego no trabalho às 7h30. Se sair às 6h51, chego às 8h20'.A idéia de que na vida pequenos gestos podem resultar em grandes alterações está presente em cada segundo do nosso dia-a-dia. Se você perder o ônibus das 7h, terá que esperar o das 7h25, o trânsito estará mais intenso e você chegará atrasado quase uma hora... tudo por causa de alguns segundos.Agora, imagine que este dia em que você chegou atrasado somente um minuto no ponto de ônibus fosse o dia em que conheceria o grande amor da sua vida. Você não bateu aquele papo no ônibus, não trocou o telefone, nem foi ao cinema semanas depois. Tudo por um minuto. Qual foi a causa deste atraso? Duas bolachas a mais e um gole extra de chá no café da manhã... e diga adeus aos netos que sua mãe tanto pede!Mas vamos deixar o lado negativo de lado. Nem tudo são nuvens. O amor da sua vida também poderia se atrasar, e o papo romântico seria no ponto de ônibus. Talvez, no ônibus seguinte, você encontrasse um velho amigo, que está abrindo uma empresa, te chame para ser sócio e, em alguns anos, você ficaria milionário! Benditas bolachas! Não é melhor pensar positivo?Em cada um de nós, em cada momento da vida, em tudo que se move, há uma energia, o potencial da mudança. E tudo se envolve em um grande sistema, chamado 'vida', que é tão incontrolável como fascinante. Todo momento importa e é relevante ao nosso futuro.Evan, em 'Efeito Borboleta', descobre o poder de manipular o passado. Mas, poderá controlar o futuro?
Uma mudança no clima, uma mudança no mundo Por Dr. John Lienhard
Em 1960, o meteorologista do MIT (Massachusetts Institute of Technology) Edward Lorenz tentou criar um modelo do clima. Ele escreveu equações simples e as resolveu em um computador primitivo. Conseguiu resultados bem parecidos com condições climáticas reais, e deixou os colegas de trabalho fascinados.Em outra experiência, Lorenz tentou continuar um teste que começara no dia anterior. Ele reiniciou todo o processo e colocou os números do primeiro teste. O resultado começou muito parecido com o da outra vez, até que começou a mudar, feito louco.As equações eram as mesmas. O ponto de partida era o mesmo. Mas os resultados divergiram. Lorenz checou o computador. Checou a conta. Nada havia mudado, mesmas equações, mas nos dias seguintes, resultados diferentes.Havia somente uma pequena diferença; mas como podia ser tão importante? Lorenz arredondou a quarta casa decimal do número que havia usado no segundo dia de teste.Ele refletiu: toda previsão de tempo faz o que o que programa fez. Você pode prever o clima do dia depois de amanhã. Mas tente esticar isso para uma semana e sua previsão será sempre distante da realidade.O resultado era surpreendente. A ciência sempre presumira que uma pequena mudança na causa resultaria numa pequena alteração no efeito. De repente, Lorenz viu que o clima mudaria completamente se você começasse as coisas de um jeito um pouco diferente.Não me admira que o tempo seja tão imprevisível! O clima obedece a leis da física. Mas se você solta um bafo de ar, estas leis vão rodar para um lado completamente novo.Meteorologistas começaram a falar sobre algo que chamaram de Efeito Borboleta. A idéia era de que se uma borboleta batesse suas asas em Pequim em março, então, em agosto, os padrões de um furacão no Atlântico seriam completamente diferentes.Pouco depois daquele dia em 1960, o mundo científico começou a mudar. Talvez todo os tipos de problemas chatos que não conseguimos resolver sejam chatos porque nunca foram analisados cuidadosamente o suficiente.Lorenz deu o primeiro passo em uma estrada que revela que nosso mundo é bem mais caótico do que sonhávamos. Por gerações engenheiros e cientistas previram coisas. Mas apenas trabalhávamos com coisas fáceis de serem previstas – a confiabilidade de um foguete, a resistência de peso de uma liga de ferro, etc.E o clima, é claro, é apenas uma parte de coisas maiores que queremos saber, mas que nunca iremos prever. Em algum lugar do mundo, uma borboleta sempre irá bater suas asas e frustrar nossa velha ânsia de prever nosso próprio futuro.John H. Lienhard é doutor em medicina de engenharia mecânica e história na Universidade de Houston. Ele também é conhecido por suas pesquisas em ciências térmicas e em história cultural. Ele é autor e voz da série de rádio Os Instrumentos de Nossa Ingenuidade, em que este texto primeiro surgiu. Seu livro mais recente é Inventing Modern.